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Escrevo Nu


Não. Eu não havia bebido aquele dia, nem esquecido que ainda era inverno. Apenas me agradava sentir a neblina na pureza da pele em arrepios. Talvez fossem quatro horas da manhã, e eu sentia a grama em minhas costas.
Com carinho me pusera em posição fetal enquanto as estrelas no céu me beliscavam, e o sol se demorava a me abraçar. O lobo me contava as histórias de seus ancestrais, enquanto os leões zombavam de sua incoerência, e eu me perguntava como o fato de eu não ser um animal ainda me permitia viver cada palavra sem ser devorado pela inocência.
Algum tempo depois me deixei levar pela dança cor de rosa dos flamingos que despertavam com o nascer do sol, e se despediam num voo lento e cheio de beleza. Adentrei a mata banhando meu corpo com o orvalho límpido que escorria entre as folhas.
Tive a sensação de acordar esquilos, pois ouvia cochichos de curiosidade, pequenas conversas em questionamento sobre quem seria o ser ou quem ser a partir de agora. As flores em vida brilhavam cada vez mais que eu me aproximava de minha casa, e a trilha de pedras mostrava o caminho para voltar a sanidade. Mas seria o caminho certo? Seria correto voltar à poltrona de onde agora escrevo?

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